Introdução
A avaliação de políticas ambientais é um processo
multidimensional e cada vez mais orientado por dados, essencial para determinar
se as acções regulatórias alcançam os resultados ecológicos pretendidos,
mantendo simultaneamente a equidade social, a viabilidade económica e a
sustentabilidade institucional. Na União Europeia (UE), este
processo ganhou especial relevância com o Pacto Ecológico Europeu, o pacote Fit
for 55, a Lei Europeia do Clima e as novas regras de divulgação de
riscos climáticos. Portugal, enquanto Estado‑Membro, integra
estes quadros através de políticas nacionais de descarbonização, conservação
marinha e economia circular. Macau, embora não pertença à UE,
enfrenta desafios específicos como densidade urbana elevada, pressão turística
e vulnerabilidade climática, exigindo adaptações próprias no âmbito da sua política
ambiental e dos compromissos assumidos no contexto da Região Administrativa
Especial.
Ao analisar sistematicamente dez categorias
centrais, decisores públicos e analistas conseguem avaliar não apenas os
resultados ambientais directos de uma política, mas também as suas implicações
económicas, sociais, políticas e de longo prazo. Até Dezembro de 2025, esta
abordagem tornou‑se indispensável para garantir coerência entre metas globais,
europeias, nacionais e locais.
Categorias Centrais de
Avaliação
1. Eficácia Ecológica
A eficácia ecológica avalia se a política produziu
melhorias ambientais mensuráveis. Na UE, esta avaliação é
suportada por sistemas como o Copernicus e o EEA Air Quality Index. Portugal
utiliza estes dados para monitorizar a qualidade do ar, conservação marinha e
gestão de resíduos. Macau recorre a monitorização atmosférica
e costeira para avaliar políticas de redução de emissões, gestão de resíduos e protecção
costeira, especialmente face ao aumento da frequência de tufões.
2. Eficiência Económica
A eficiência económica analisa se os benefícios
ambientais justificam os custos. Na UE, o EU ETS e os
mecanismos de financiamento verde são centrais. Portugal
beneficia de fundos europeus para transição energética, mobilidade sustentável
e eficiência hídrica. Macau, com uma economia baseada no
turismo e no jogo, enfrenta desafios específicos e as políticas ambientais
devem equilibrar sustentabilidade com competitividade económica e resiliência
climática.
3. Equidade Social e
Impactos Distribucionais
A UE introduziu o Mecanismo para uma
Transição Justa, reforçando a equidade territorial. Em Portugal,
isto traduz‑se em políticas para regiões vulneráveis, como o Alentejo e zonas
industriais em reconversão. Em Macau, a equidade ambiental
envolve garantir qualidade do ar, espaços verdes e protecção costeira para
populações residentes em áreas densamente urbanizadas.
4. Viabilidade
Administrativa
A UE promove digitalização regulatória e
simplificação de licenciamento ambiental. Portugal tem
avançado com plataformas digitais de licenciamento e monitorização. Macau
enfrenta desafios administrativos relacionados com capacidade técnica,
necessidade de modernização de sistemas e integração de dados ambientais
transfronteiriços com a Grande Baía Guangdong‑Hong Kong‑Macau.
Categorias de
Implementação e Contexto
5. Conformidade e Sucesso
da Fiscalização
Na UE, a fiscalização é apoiada por sistemas de
reporte harmonizados. Portugal aplica estes mecanismos através
da APA, ICNF e entidades municipais. Macau reforçou a
fiscalização ambiental após eventos climáticos extremos, com foco em emissões,
ruído, resíduos e protecção costeira.
6. Aceitabilidade
Política e Envolvimento das Partes Interessadas
A UE exige processos participativos e consultas
públicas estruturadas. Portugal tem tradição de participação
pública em avaliações ambientais estratégicas. Macau, com uma
sociedade multicultural e forte presença empresarial, beneficia de processos de
consulta adaptados ao contexto local, envolvendo associações comunitárias, sector
turístico e instituições académicas.
7. Capacidade
Institucional
A capacidade institucional varia
significativamente:
·
A UE
dispõe de forte estrutura regulatória e técnica.
·
Portugal
reforçou capacidades através de fundos europeus e cooperação internacional.
·
Macau enfrenta
desafios de recursos humanos especializados e necessidade de maior integração
entre planeamento urbano, protecção ambiental e gestão de riscos climáticos.
Categorias de Longo Prazo
e Adaptação
8. Sustentabilidade e
Durabilidade
Na UE, políticas ambientais são concebidas para
alinhar com metas de neutralidade carbónica até 2050. Portugal
segue esta trajectória com forte aposta em energias renováveis, hidrogénio
verde e conservação marinha. Macau trabalha para consolidar
políticas de gestão de resíduos, eficiência energética e resiliência costeira,
essenciais para a sua sustentabilidade a longo prazo.
9. Adaptabilidade e
Flexibilidade
A UE introduziu cláusulas de revisão periódica em
legislação climática e energética. Portugal aplica mecanismos
de revisão em planos de ordenamento, água, energia e conservação. Macau,
exposto a riscos climáticos crescentes, necessita de políticas altamente
adaptativas, especialmente em gestão costeira, drenagem urbana e resposta a
eventos extremos.
10. Transparência e
Prestação de Contas
A UE lidera em transparência ambiental com portais
públicos e normas de divulgação obrigatória. Portugal integra
estes sistemas e disponibiliza dados ambientais abertos. Macau
tem vindo a expandir a divulgação pública de dados ambientais, mas enfrenta
desafios na integração de sistemas, interoperabilidade e comunicação pública.
Conclusão
A aplicação destas dez categorias como eficácia
ecológica, eficiência económica, equidade social, viabilidade administrativa,
conformidade, aceitabilidade política, capacidade institucional,
sustentabilidade, adaptabilidade e transparência permite uma avaliação robusta
e comparativa entre diferentes contextos regulatórios. A União Europeia
oferece um quadro avançado e harmonizado; Portugal adapta‑o à
sua realidade territorial e socioeconómica; Macau enfrenta
desafios específicos de densidade urbana, vulnerabilidade climática e
capacidade institucional, exigindo soluções próprias e adaptativas. Até Dezembro
de 2025, esta abordagem multidimensional tornou‑se essencial para orientar
políticas ambientais coerentes, eficazes e resilientes em todos estes
contextos.
Bibliografia
1. Organizações Internacionais e Relatórios
Globais
European Environment
Agency (EEA). The European Environment - State and Outlook 2025. Copenhagen:
EEA, 2025.
Intergovernmental
Panel on Climate Change (IPCC). Sixth Assessment Report (AR6). Geneva: IPCC,
2021-2023.
Organisation for
Economic Co‑operation and Development (OECD). Environmental Performance
Reviews: European Union 2024. Paris: OECD, 2024.
United Nations
Environment Programme (UNEP). Global Environment Outlook 7 (GEO‑7). Nairobi:
UNEP, 2024.
World Bank. Climate
and Development Report Series. Washington, DC: World Bank, 2023-2025.
2. União Europeia - Legislação, Estratégias e
Avaliações
European Commission.
European Green Deal: Progress Report 2025. Brussels: European Commission, 2025.
European Commission.
Fit for 55 Package: Implementation and Impact Assessment. Brussels:
Publications Office of the EU, 2024.
European Commission.
EU Emissions Trading System (EU ETS) - Annual Report 2025. Brussels: European
Commission, 2025.
European Commission.
EU Climate Law: Monitoring and Review Mechanisms. Brussels: Publications Office
of the EU, 2024.
European Court of
Auditors. Environmental and Climate Action: Special Reports 2023–2025. Luxembourg: ECA.
3. Portugal - Políticas, Relatórios e Estratégias
Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Relatório do
Estado do Ambiente 2024-2025. Lisboa: APA, 2025.
Governo de Portugal. Plano Nacional Energia e
Clima 2030 (PNEC) - Atualização 2024. Lisboa: Ministério do Ambiente e Energia,
2024.
ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e das
Florestas. Relatório de Conservação da Natureza 2023-2025. Lisboa: ICNF, 2025.
Direção‑Geral de Energia e Geologia (DGEG).
Transição Energética em Portugal: Balanço 2025. Lisboa: DGEG, 2025.
Ministério do Ambiente e Energia. Economia
Circular em Portugal - Estratégia e Avaliação 2025. Lisboa, 2025.
4. Macau - Políticas Ambientais, Relatórios e
Planeamento
Governo da Região Administrativa Especial de Macau
(RAEM). Relatório do Estado do Ambiente de Macau 2024-2025. Macau: Direcção dos
Serviços de Protecção Ambiental, 2025.
Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental
(DSPA). Plano de Acção para a Protecção Ambiental de Macau (2021-2025). Macau:
DSPA, 2021-2025.
Instituto para os Assuntos Municipais (IAM).
Gestão de Resíduos e Sustentabilidade Urbana - Relatório 2025. Macau: IAM,
2025.
Gabinete de Estudos de Políticas Públicas.
Resiliência Climática e Gestão Costeira em Macau. Macau: RAEM, 2024.
Universidade de Macau. Environmental
Governance in Macau: Research Papers 2023-2025. Macau: UM Press.
5. Literatura Científica e Académica
Jordan, Andrew, e
Rüdiger K. W. Wurzel (eds.). Environmental Governance in Europe: Strategies,
Institutions and Policy Change. Oxford: Oxford University Press, 2023.
Meadowcroft, James.
“Environmental Political Economy and Policy Evaluation.” Journal of
Environmental Policy & Planning 27, no. 2 (2024): 145-168.
Howlett, Michael, e
M. Ramesh. Designing Public Policies: Principles and Instruments. 3rd ed.
London: Routledge, 2024.
Ostrom, Elinor.
Governing the Commons: The Evolution of Institutions for Collective Action.
Cambridge: Cambridge University Press, 2015 (relevant for institutional
capacity).
Fiorino, Daniel. Can
Democracy Handle Climate Change? Cambridge:
Polity Press, 2023.
6. Dados, Monitorização e Tecnologias Ambientais
Copernicus
Programme. Environmental Monitoring Reports 2023-2025. European Space Agency.
Global Carbon
Project. Global Carbon Budget 2024-2025.
International Energy
Agency (IEA). World Energy Outlook 2025. Paris: IEA, 2025.
NASA Earth Observatory. Climate Indicators and Environmental Data Sets. 2023–2025.
Mohammad A. R. &
Shane Orchard & Angela Andrade & Mohammad A. R. Shah & Ben M. &
Ben M. Fitzpatrick (2025). Impact Assessment Frameworks for Nature-Based
Climate Solutions: A Review of Contemporary Approaches. www.mdpi.com. Retrieved
from https://www.mdpi.com/2071-1050/17/2/677
Paul Ekins &
Dimitri Zenghelis (2021). The costs and benefits of environmental
sustainability - PMC. pmc.ncbi.nlm.nih.gov. Retrieved from
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC7960882/
Suzanne Rauzon &
Sallie C Yoshida & Maria Boyle & Loel Solomon & Allen Cheadle &
Pamela M Schwartz & Sarah E Samuels & Lisa Craypo & William L Beery
(2010). Approaches to Measuring the Extent and Impact of Environmental Change
in Three California Community-Level Obesity Prevention Initiatives - PMC.
pmc.ncbi.nlm.nih.gov. Retrieved from https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC2951934/
Unknown Author
(2020). On “success” in applied environmental research — What is it, how can it
be achieved, and how does one know when it has been achieved?.
cdnsciencepub.com. Retrieved from
https://cdnsciencepub.com/doi/10.1139/er-2020-0045
Unknown Author
(n.d.). Untitled. oxfordre.com. Retrieved from
https://oxfordre.com/environmentalscience/view/10.1093/acrefore/9780199389414.001.0001/acrefore-9780199389414-e-713
Albina Dioba &
Siegfried Dewitte & Florian Lange & Valentina Kroker (2024). Barriers
to Pro-Environmental Behavior Change: A Review of Qualitative Research.
www.mdpi.com. Retrieved from https://www.mdpi.com/2071-1050/16/20/8776
Unknown Author (n.d.). 502 Bad Gateway. onlinelibrary.wiley.com. Retrieved from https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/bse.70274

No comments:
Post a Comment